Aquando dos meus tempos universitários, tinha alguns amigos em Belas Artes. Caí uma vez na asneira de lhes dizer que gostaria de ter uma janela da Maluda. Fui xingado como o último dos cavernícolas. Uma dessas amigas, hoje pintora de algum renome, até me ofereceu um livrinho de iniciação às artes escrito e pintado por ela, uma espécie de "art for dummies", que se encontra emoldurado na minha sala.
Realizei na altura, com o orgulho ferido, que as janelas da Maluda estavam para os jovens artistas como o Dantas estava para o Almada Negreiros. Morra! Pim!
Uma viagem a Ronda nestas férias permite-me agora uma tardia desforra. Ronda, jóia andaluza empoleirada num penhasco a mil metros de altitude é um "pueblo blanco", magnificamente caiada, com soberbas - "guess what?" - janelas gradeadas que vos vou mostrar de seguida. Tipo Maluda, só que fotografadas por mim.
Uma das últimas cidades conquistadas aos mouros, em 1485, Ronda distingue-se também por uma das mais antigas praças de touros de Espanha, datada de 1785 e desenhada por Pedro Romero, ele próprio matador de mais de 6000 touros. As meninas do Bloco desmaiariam só ao ouvir o número. Os budistas apostariam que, com tanto ponto de "karma" negativo, Romero terá reencarnado como fungo interdigital ou protozoário, algo verdadeiramente mau.
Rondemos.
A ponte que separa as duas metades da vila, alcandoradas num precipício calcário:
E agora as janelas:
Para terminar, a prova em azulejo de que a virgindade pode ser em qualquer sítio.
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