Li isto, há dias:
“Os fundamentalistas crêem que os mercados tendem para o equilíbrio e que se serve melhor o interesse comum se se permitir que os participantes ajam em interesse próprio. Isso é um equívoco óbvio, porque foi a intervenção das autoridades que evitou que os mercados financeiros entrassem em colapso, não foram os próprios mercados. No entanto, o fundamentalismo de mercado instalou-se como ideologia dominante nos anos oitenta, quando os mercados financeiros começaram a tornar-se globalizados e os Estados Unidos começaram a sofrer um défice da balança de transacções correntes.”
Quem soltou este miserável ataque às virtudes do Mercado? Um jacobino, como está em Portugal incrivelmente na moda apodar quem tenha a veleidade de duvidar da bondade da mão invisível? Não! O Jerónimo de Sousa ou qualquer outra relíquia comunista? Também não! O fantasma do Lenine em pessoa, falando às tropas em transe pela boca de uma mãe-de-santo, nalgum terreiro de candomblé da Baía? Frio, muito frio…
Nada menos que George Soros, um dos tipos que mais cacau ganhou a investir em mercados financeiros, alcandorando a sua conta bancária à confortável posição de 80ª fortuna do mundo. Do género de menino que, apostando na descida da libra, vergou o Banco de Inglaterra. Um fulano que se o virem a enfiar-se por um buraco, vão buscar uma pá, porque ele não se está a enterrar: há dinheiro lá em baixo.
E é logo um tipo destes, e não um troglodita em quem seja fácil bater, que vem dizer estas coisas que lançam dúvidas maldosas sobre a omnipresença, a omnipotência, a omnisciência e a natureza una mas trinitária do Mercado. Que chatice! Que maçada para os senhores jornalistas económicos que, com as suas gravatas de seda e as suas dificuldades com a gramática, andaram sempre a dizer o contrário. É só rir!
Já agora, o artigo completo, que vale a pena ler para conhecer uma visão interessante sobre os dias que correm, saiu não no “Avante!” mas no “Financial Times” e pode encontrar-se em http://www.georgesoros.com/?q=worst_in_60years.
3 comentários:
Só para dizer que cá estive... nem li, francamente o tema... enfim... não me entusiasma... mas estive cá ;)
Pensava que por estes dias o Sr Pinheiro já teria por aqui vindo, foice em riste espalhando doutrina e aforismos....
...e que o Sr P$$$ teria mordazmente contra atacado os dois... (de preferência com uns quantos fardos de acções do BCP trazidas fresquinhas do seu escritório...)
...e que cairia uma chuva de crustáceos do céu, portadores da paz universal...
No entanto, como ninguém toca o sino a rebate, desço a terreiro para deixar quatro achas nesta fogueira:
1. artigo interessante, deveras... mas esperava um posicionamento do bloguista que normalmente costuma ser extenso, estruturado e posicionado sobre o que aborda...
2. não deixa de ser interessante notar que nesta época de globalização parece ter havido uma morte das ideologias... bem como dos ideais, alguns dos quais nortearam os grandes saltos da humanidade...
3. interessante o ponto de vista deste sr. tubarão, como retratas bem no seu background... perante isto que comentar sobre a moralidade da divisão da riqueza à escala planetária?
4. por fim e para terminar, deixo aqui um conceito que li recentemente num romance, conceito que não deixa de revestir uma curiosa sagacidade, e dizia, só podia ser comunista um capitalista rico... muito rico...
ass: O anónimo
PS, que vergonha de blog que não permite comentários anónimos!!! mesmo que os anónimos sejam descaradamente óbvios...
@Lorenzo: Zzzzzzzzzzzzz ....
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