segunda-feira, agosto 27, 2007

O último pôr-do-sol de Agosto nos Aivados

Dedicado aos que lá estavam


Caso para dizer: fabuloso ocaso!

A maré prostrou-se, em homenagem
E os seixos e a rocha
Subitamente emersos
Entre murmúrios diversos
Respiram de modo cavo
E nem uma brisa (ou aragem)
Perturba o olhar, escravo
Do horizonte em tocha

Lenta, contra o céu de anil,
A silhueta do pescador de ondas
Carrega no braço seu batel
Nos olhos memórias frágeis
Enquanto sobre dunas redondas
Correm negras e ágeis
Pequenas sombras de papel
Em feitiços e risos mil

A Lua espreita impaciente
Gorda de dias, e luzidia
Não esperando que o Sol ponente
Dê oficialmente por findo o dia
No campo a sombra ainda tarda
Que o Sol partindo em glória
Para deixar melhor memória
Todo o brilho para si guarda

Talvez o raio de sol último
Nos traga esta incerta saudade
De outros fins de dia
Nestes sítios, noutra idade
Num tempo que já não volta
Em que preso em nós vivia
O amor agora livre e múltiplo
Que corre descalço à nossa volta